Vi-te...
Sozinho na multidão...
Altivo, íntegro, determinado...
Diferente...
Despiste-me...
Na profundidade do olhar...
Na intemporalidade do sonho...
Na viagem dos sentidos...
Rei do Universo... Senhor de mim...
Sonhei-te... há muito...
Em todo o lado e em lugar algum...
Nas palavras do silêncio...
Num abraço envolvente...
Na carícia de um beijo...
No calor de um corpo...
Naquele instante só nosso... sonhei-te...
Estive em ti... e tu em mim...
Naquele instante só nosso...
O mundo foste tu...
E eu...
Nas minhas viagens pelas virtualidades tenho-me deparado com situações curiosas e algumas bem caricatas...
De facto, aqui vê-se de tudo... ponto assente entre todos aqueles que por aqui vagueiam há já algum tempo...
Há as chamadas “Boas pessoas”...
Pessoas que procuram outras... que procuram comunicação, afinidades, empatias...
Pessoas que procuram um pouco de divertimento e distracção...brincar e passar o tempo, um certo preenchimento interior que proporcione um relativo bem estar ( e a partilha desse bem estar com alguém que está do outro lado)...
Pessoas que gostam de “conversar” e observar comportamentos...
Pessoas que encaram os meios chatais como um bom estudo psicológico e sociológico...
Se tivermos a sorte de nos “cruzarmos” com este tipo de pessoas, temos de facto alguma mais valia e pode dizer-se que se passam bons momentos...
Mas também há os outros...
Aqueles que entendem o meio virtual como isso mesmo...não existe, é virtual...
Aqueles que procuram algo que lhes desperte alguma descarga de adrenalina...um usufruto do outro e uma utilização mútua em benefício individual... engate, encontros furtuitos, affaires...
Aqueles que aqui vêm apenas para descarregar nos “desconhecidos” raivas, frustrações, desesperos, angústias, insatisfações...
O estado de espirito geral, a vibração que se sente numa sala de chat não é normalmente das mais positivas...há sempre aqueles ou aquelas que, por diversas razões, são os elementos desestabilizadores...
De certa forma isso traduz uma postura e um certo conceito generalizado que muita gente tem do chat...
É fácil “esvaziar “ emoções na “cara” de um monitor... ele não contesta, não reclama, não agride de volta...
Então pode dizer-se tudo o que der na real gana, pode descarregar-se a tensão acumulada, porque não se vê o impacto que o peso das palavras escritas tem do outro lado...
E se aparecem no écran frases de resposta igualmente agressivas, não interessa nada... à partida é alguém a quem nunca se irá ver a cara e no dia seguinte, ou umas horas depois, tudo muda e volta à normalidade...
Mesmo no mundo real as pessoas parecem esquecer-se que as palavras têm efectivamente um peso enorme e muitas vezes a forma como são ditas agride como um murro... é o dizer tudo da boca para fora tal qual se pensa e às vezes magoando gratuitamente...
No mundo virtual, embora não vejamos a cara de quem está do outro lado, é preciso não esquecer que não é o computador que escreve sozinho...é uma outra pessoa que, ela também, se esconde por detrás de um monitor e das frases que escreve...
E então assistimos a cenas engraçadas... pessoas completamente desconhecidas em termos reais, mas que acabam por embarcar e se envolver na supra realidade e no éter da virtualidade, que se degladiam mutuamente e vivem virtualmente momentos reais...
Parece um paradoxo, mas de facto um dos riscos da virtualidade é esse mesmo... o envolvimento real e a vivência de “realidades virtuais”...
E sendo assim, a ideia de que o virtual não existe cai por terra... ele existe enquanto existir um computador deste lado e outro do lado de lá e duas pessoas que comunicam uma com a outra e partilham momentos...
Enfim...como me disse um dia um amigo... ”A net é uma teia de enganos”...