Há momentos difíceis...
Aqueles momentos em que o nosso lado lunar se revela...
Todos os temos...
Quando as coisas parecem mais pesadas...
E os ombros são frágeis e vergam-se ao peso...
Surge aquela vontade chata de evasão...
A vontade de gritar "tirem-me daqui"...
O sentimento é uma maldição...
Tão depressa voamos mais alto do que alguma vez imaginámos...
Tão depressa saimos de nós e planamos, olhando tudo lá de cima...
Como caimos nas profundezas de um buraco negro...
Onde a força gravitacional é tão grande, que tudo atrai e tudo suga...
É o turbilhão, o caos...
Um dia quero ver a lua...
Um dia quero voar sem parar...
Mais e mais e mais alto ainda...
Não quero descer... deixem-me lá ficar...
Enquanto voar, sou leve...
Enquanto voar, sou livre...
Um dia ainda vou ver a lua...
As muralhas por vezes são refúgios...
Grandes, altos e sólidos...
O porto seguro onde me escondo de mim...
Para onde fujo, quando quero viajar por mim adentro..
Trazem aquela sensação de quietude e paz...
De caminho percorrido e de isolamento...
Um convite à meditação e à introspecção...
Uma rodagem mental de vivências e sensações...
Um olhar para dentro para se observar a si próprio de fora...
"Estar só consigo mesmo" é esta viagem...
Uma viagem por debaixo da pele...
Necessária, imperativa e constante...
Não é preciso estar triste...
Nem sequer melancólico ou angustidado...
Basta estar... e saber viajar dentro de si...
Mais uma muralha, mais um refúgio...
Mais um ir e voltar...
Mais uma renovação, mais uma esperança...
Mais um sonho...
Mais um acordar...
"A Long December" - Counting Crows