"Será que tens algum contacto de advogado para a minha irmã, vítima de violência doméstica? É urgente"
Este foi o texto de uma sms que recebi ontem...
Um pedido de ajuda de uma amiga de escola...
Não é o pedido de ajuda que está em causa... nem o facto de ele vir de uma amiga, ou de uma conhecida, ou de qualquer outra pessoa...
O que está em causa é a estupefacção...
O termos de encarar e viver com o facto de que ainda existem casos destes por esse mundo fora...
Em pleno século XXI...
Supostamente quando todos têm maior acesso à informação... numa era dita tecnológica e de metamorfoses científicas e humanas...
Supostamente quando tudo deveria ser diferente do que era há 20 anos atrás, ou no tempo dos nossos pais e avós...
E uma sms destas, que se refere a pessoas que andam pela casa dos trinta... vem deitar tudo por terra...
Acima de tudo vem, mais uma vez, provar uma realidade...
Por mais que estejamos convictos que conhecemos bem uma pessoa - no caso quem temos ao nosso lado - ou, num sentido mais lato, que conhecemos bem alguém, isso não é verdade...
É quase impossível conhecer bem alguém... e digo conhecer bem, no sentido de sentir... "ah e tal... eu sei (sinto) que ela/ele seria incapaz de me fazer isso..."
A verdade é que nunca se conhece ninguém verdadeiramente...
Temos sim, por vezes, uma vaga ideia, um feeling, uma sensação... que confundimos com uma certeza...
"Essas coisas só acontecem aos outros, para quê estar a pensar nisso?"..
Tentamos fazer o papel da avestruz... dá um certo jeito esconder a cabeça na areia, por uma questão de comodismo...
Também é uma verdade que os nossos problemas assumem, para nós, dimensões que os tornam maiores que os problemas alheios...
Mas quando eu "olho" para situações destas penso que sou, de facto, uma pessoa com sorte...
Porque, seja no século XXI, seja nos primórdios da humanidade, ninguém tem o direito de desrespeitar o seu semelhante...
Ninguém tem o direito de impôr a sua vontade, seja por que forma fôr... muito menos pela violência (tanto física como verbal)...
Considero este tipo de atitude apanágio dos fracos...
Que, quando não têm nem argumentos, nem forma de fazer valer os seus pontos de vista, recorrem à agressividade e à violência...
É a forma mais cruel de se tratar um ser humano...
E não é um protesto feminista, nada disso, de feminista não tenho nada...
"Vejo" as feministas como uma espécie de "machos" que encarnaram no sexo errado... feminina, isso sou sim, mas muito Mulher...
É, acima de tudo, uma questão de princípio, de formação, de educação, de respeito...whatever...
É uma questão de tratar bem o outro para sermos bem tratados, de respeitar para sermos respeitados...
De viver uma vida a dois, onde os dois são uma partilha bilateral e se transformam num só...
Amor, para mim, é isso... uma entrega incondicional de duas pessoas, que se fundem numa só...
Casos destes nada mais são que posse, domínio, poder...
São um utilizar da maior força, pelo lado mais forte, para dominar o lado mais fraco... e da forma mais errada...
Mas Amor não é, de certeza absoluta... nem aqui, nem na China...
É uma aberração...
Em pleno século XXI...