Gosto de um bom livro... e gosto essencialmente de ler sobre temas históricos, místicos e filosóficos...
Isto porque sou dada a análises, a pensar a vida e as pessoas... e a pensar-me a mim mesma, evidentemente...
Gosto de juntar peças de puzzles intrincados, de seguir sinais... e conseguir estabelecer um fio condutor, uma linha lógica, que me leve a entender o que, aparentemente, possa parecer incompreensível...
É uma forma de ser e de estar, como qualquer outra...
E também um hobby interessantíssimo...
Li, recentemente, qualquer coisa como "A Profecia de Avignon"...
Fala sobre a Idade Média, Templários e seus mistérios, esoterismo, alquimia... enfim, todo este tipo de temas, que me fascinam...
E de repente dou comigo a tentar transpôr, para os dias de hoje, factos históricos e documentados... crenças, mistérios, misticismos...
Uma espécie de projecção, digamos...
Será que a crença mudou assim tanto, com o passar dos séculos?
Sabe-se que, ainda hoje, existem seguidores da Ordem do Templo, ainda hoje existem maçons...
Ainda hoje existem sociedades secretas... ainda hoje se acredita em dogmas...
Mas, quando se lê algo com séculos de história...quando se tenta "penetrar" na mentalidade medieval, ao nível do espiritual e religioso, ao nível dos dogmas...
E depois quando se faz a projecção para o séc. XXI e para o que se lê sobre este tipo de filosofias... não tem mesmo nada a ver...
É claro que os tempos evoluem, que as mentalidades mudam, que a história se faz de outra forma...
E também é claro que a maior parte das mudanças foram benéficas...
Mas há outras tantas mudanças que nos "roubaram" a noção de que somos seres intergalácticos, que interagimos com o planeta e com os elementos...
E que, tanto o planeta como os elementos estão em nós, interagem também connosco e nos condicionam, em termos orgânicos e de comportamento...
Perdeu-se a noção do colectivo, ganhou-se a noção do "indivíduo"...
As mentalidades tornaram-se materialistas, com uma perspectiva de usufruto de coisas e pessoas...
Deu-se uma progressiva degradação de valores, princípios e respeito pelo outro... e, consequentemente, perdeu-se a noção de respeito por si mesmo...
Mas, porque ainda somos humanos e porque a história nos marca e se transmite...
E ainda porque continuamos a precisar de acreditar em algo, seja no que fôr, a crença prevaleceu ao longo dos tempos...
E voltamos aos dogmas...
E à forma como foram sendo adulterados, mudados, comercializados, confundidos...
Existe, hoje, uma onda de crenças e misticismos desarraigados de conteúdo, estrutura e fundamento... mas que arrasta multidões...
Só que as multidões não têm consciência... e também já não existe a noção do colectivo e cada um, por si, não faz a força....
Mas, curiosamente, a consciência colectiva determinou grandes mudanças históricas e sociais...
Então o que é que mudou?
Aquilo que era uma comunhão com os elementos ou as entidades, para ajuda nas colheitas, no nascimento, ou na cura da doença de um animal necessário para sobreviver...
Resultou numa procura inconsciente de algo que diga como, quando e porquê...
Quando não se encontra, dentro de si, a força necessária para conhecer e enfrentar as próprias dificuldades... há a tendência de correr para o que, aparentemente, parece a solução...
Normal e natural, digo eu...
Mas se a solução passar pela crença em algo que é unilateralmente aceite pelo facto de que ensina a saber fugir aos problemas...
Ao invés de ser algo consciente e interiorizado como evidente... algo que é assim, porque não poderia ser de outra forma...
Então incorre-se na auto sugestão...e, pior ainda, na dependência e auto destruição...
Temos um legado histórico e cultural imenso e riquíssimo...
Mas estamos a assistir a uma "aculturação" e uma "institucionalização" de dogmas que, precisamente por parecerem indiscutíveis, aparentemente são incontestáveis...
A menos que se consiga a capacidade de ter uma outra visão... de si e das coisas...
Sinais... sinais dos tempos...