Tens aquele ar determinado de quem sabe muito bem o que quer...
E de quem tem plena consciência que tem o que não quer...
São tristes os teus olhos...
Mas doces e profundos, como é característico dos sonhadores...
Pintas-te de alegria para esbater o desenho de marcas cravadas na alma...
Sentes que mereces muito mais... sabes que sim...
No entanto tens um sentido vincado de destino, conformismo e aceitação...
Como diz o velho ditado "Mais vale só..."
Nunca te prestei muita atenção...
Na verdade, não tive sequer grande curiosidade em te descobrir...
Talvez esse teu jeito meio fechado, de quem sofre apenas para si, me tenha ofuscado a vontade de querer ver para além de ti...
Ou talvez a conjunção das variáveis não fosse a correcta, o momento não fosse o certo...
Vá-se lá saber porquê...
No entanto estendeste-me a mão por diversas vezes...
Sem seres chamado e sem pedir nada em troca...
Quem sabe estarias atento e a tua sensibilidade levou-te a sentir que deverias fazer algo...
Eu tenho para mim que aqueles a quem chamamos Amigos estão em nós porque são uma parte de nós...
Dê a vida as voltas que der, traga o futuro o que trouxer...
E se isso deixa de acontecer é porque, na realidade, não houve amizade ou ela não soube ser merecida...
Mas tu, num misto mal disfarçado de carinho envergonhado e timidez, fazes-te sentir presente...
Sem seres chamado e sem pedir nada em troca...
E eu olho para ti... e, sem saber bem porquê, presto atenção a sinais aos quais ninguém liga nenhuma...
Talvez as variáveis sejam as correctas...
Talvez o momento também...
"If you were a Sailboat" - Katie Melua