Foi para ti que desfolhei a chuva
Para ti soltei o perfume da terra
Toquei no nada e para ti foi tudo...
Para ti criei todas as palavras
E todas me faltaram
No minuto em que te talhei ao sabor do sempre...
Para ti dei voz às minhas mãos
Abri os gomos do tempo
Assaltei o mundo
E pensei que tudo estava em nós
Nesse doce engano de tudo sermos donos...
sem nada termos
Simplesmente porque era de noite
E não dormíamos
Eu descia em teu peito
Para me procurar
E antes que a escuridão nos cingisse a cintura
Ficávamos nos olhos, vivendo de um só
Amando de uma só vida
Mia Couto in "Raiz de Orvalho e Outros Poemas"
Entre os teus braços e os meus...
Existe um mundo de sensações e cumplicidades...
Onde a pele se toca...
Os sonhos falam...
Os silêncios murmuram...
E as estrelas são a multidão...
A ténue fronteira...
O teu limite final e o início do meu...
Sentir-me presa e livre ao mesmo tempo...
Num tempo/espaço só nosso...
Num abraço de entrega de onde não quero sair...
Não quero sequer saber quando vou, ou para onde vou...
Só sei que vou...
Thank You