Chegas como sempre... com um ar discreto
Quase todos sabem quem és...
Muitos exultam à tua chegada...
Os holofotes do palco podem lá estar... ou não
Na verdade não importa muito...
Caminhas, despreocupado, num jogo de luzes que te é indiferente...
O que vai acontecendo, à tua passagem, não te envaidece por aí além...
Apenas estás, apenas és... e isso basta-te...
Percorres muitas distâncias.. às vezes grandes, às vezes pequenas..
Qual saltimbanco errante...
Não te interessa grandemente saber se és amado ou não...
Sabes que terás sempre lugar no coração de alguém...
E eu dou por mim a pensar...
"Como é possivel olhar várias vezes e não ver?"...
Dizem que quando as pessoas se têm de encontrar, invariavelmente encontram-se...
Que as variáveis entram num jogo perfeito de convergência...
E que, aparentemente de forma natural, as coisas acontecem...
Sempre te vi sem nunca te ver...
É um pequeno defeito meu, este.. olhar sem querer ver...
Já te vejo nesse teu bailado suspenso há um tempo...
Eras mais uma peça no xadrez das vaidades...
Nada de concreto, nada de especial... outra peça apenas...
No entanto, naquele dia, ambos nos olhámos...
E envolvemo-nos num sorriso...
Sei, sinto, que danças para mim...
Daquela forma especial, que sentimos saber que é assim...
As variáveis, essas, estão a formar a equação...
Ambos queremos vê-la...
Não me vou prender dentro daquela que eu sei que sou eu...
Vou, sim, soltar-me de mim...
Sair da pequena caixa de cristal reforçado...
E transportar-me para os teus pensamentos...
Vou voar neles...
Parece-me perfeito...